O cenário de maus-tratos a animais no Sul de Minas Gerais é alarmante. Entre janeiro e julho deste ano, o número de casos registrados cresceu 78% em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Foram 516 casos em 2024, frente a 314 em 2023.
"Os maus-tratos vão além da agressão física. Encontramos animais sem água, sem comida, acorrentados. Além disso, muitos não são castrados, o que contribui para o abandono de filhotes nas ruas. Isso também é uma forma de crueldade", comenta Marcelo Moura, protetor de animais em Varginha. Ele destaca a importância da castração como medida essencial para reduzir o número de abandonos e, consequentemente, os maus-tratos.
Denúncia é um direito e um dever
Tcharla Toledo, presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB Varginha, reforça que maus-tratos a animais é crime e que qualquer cidadão pode e deve denunciar essas práticas. "Cada município tem sua legislação, e a denúncia pode ser feita ao Centro de Bem Estar Animal, ao Ministério Público ou à Delegacia de Polícia. É importante reunir provas, como fotos, vídeos e informações sobre o responsável pelo animal", explica.
Tcharla também menciona que as denúncias ao Ministério Público podem ser feitas de forma anônima, um incentivo para aqueles que temem represálias, mas desejam contribuir para o combate a esse tipo de crime.
Apesar das punições previstas pela lei, como a Lei Sansão, sancionada em 2020, que prevê reclusão de 2 a 5 anos para quem cometer abusos, a violência contra os animais continua em alta. A lei também impõe multas e proíbe a guarda de animais aos agressores, e, em casos mais graves, como quando o abuso resulta na morte do animal, a pena pode ser aumentada.
Histórias de sobrevivência e amor
Mas nem tudo é desespero. Para cada animal maltratado, há pessoas dispostas a oferecer carinho e um lar seguro. A cadela Vitória é um exemplo de como o amor pode transformar vidas. Após sofrer maus-tratos, que incluíram agressões e até zoofilia, ela encontrou refúgio na casa de Margarida Castelar. Hoje, Vitória convive com outros 12 cães e cinco gatos, todos resgatados de situações de sofrimento.
"Eu tento acolher dentro dos meus limites, tanto emocionais quanto financeiros. Ofereço a eles amor e dignidade, aquilo que foi negado nas ruas. A alegria deles ao me ver, pulando, buscando carinho, me cura todos os dias", conta Margarida, emocionada.
As histórias de resgate como a de Vitória mostram que, embora o problema seja sério e crescente, ainda existe esperança. É possível lutar contra o abandono e os maus-tratos com pequenas, mas importantes, ações de cada cidadão, como denunciar, adotar e conscientizar.
A batalha pela proteção dos animais continua, e cada esforço conta.
*Da Redação do Popular net / Com informações do g1