O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, avaliou, em entrevista coletiva virtual concedida na tarde desta terça-feira (14/04), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, o cenário epidemiológico do estado em relação aos casos de Covid-19. De acordo com o boletim epidemiológico publicado na manhã desta terça, Minas Gerais contabiliza, até o momento, 884 casos confirmados, sessenta (60) óbitos em investigação, 218 óbitos descartados e vinte e sete (27) óbitos confirmados. Em seguida, o secretário destacou a importância das medidas de distanciamento social para controlar a transmissão do vírus e diminuir a pressão sobre a rede de saúde, bem como a necessidade de cautela para retorno de atividades não essenciais. Também participaram da coletiva o secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, e o subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Brock Ramalho.
“Nossas avaliações são baseadas em modelos matemáticos, que servem para orientação e preparação da rede de saúde. As medidas que tomamos apontam no sentido da contenção da velocidade de transmissão dos casos. O isolamento tem consenso internacional quanto à sua eficácia. Quanto à eventual retorno ou flexibilização do distanciamento, somente em momento oportuno poderá ser aplicado e por isso temos feito estudos com frequência”.
O secretário mencionou que nos próximos dias deve haver uma nova projeção sobre o período provável para que se atinja o pico da curva de casos para Minas Gerais, atualmente esperado entre os dias 03 a 05 de maio. “Por ora, nossa projeção por demanda de leitos ainda está na casa de 5.900 pessoas necessitando de leitos clínicos e 1.500 a 2.000 podendo demandar terapia intensiva. Atualmente, estimamos em até 3% o quantitativo de leitos de UTI ocupados por pessoas com casos suspeitos da Covid-19”, apontou Amaral.
O secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, destacou que, em relação às medidas administrativas, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) tem realizado, nos últimos dias, aquisições de insumos e equipamentos por via de contratação, cabendo dispensa de licitação apenas quando há hipótese legal, e esclareceu a diferença sobre as requisições administrativas e o confisco. “Nas requisições administrativas fica resguardado o direito de indenização, diferente do confisco, quando não há pagamento de qualquer compensação, medida que não foi tomada pelo Estado. Tivemos, no início da pandemia, apenas algumas medidas de requisição administrativa”, pontuou.
Marcelo Cabral também destacou que a legislação produzida em Minas Gerais não tem penalidades específicas sobre o descumprimento de medidas de distanciamento, o que não afasta a hipótese de configuração de crime nos termos das normas penais. “Temos crimes previstos no Código Penal, e nada impede que essas pessoas possam vir a ser responsabilizadas. No entanto, esperamos que o cidadão possa aderir às medidas de forma voluntária, consciente de que são ações que podem evitar adoecimento e as mortes”.
Casos suspeitos
O subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Brock Ramalho, explicou que a diferença entre o número de casos suspeitos em relação ao número de casos confirmados não deve ser vista como indicativo de falta de testes, mas sim como demarcador da forma como a epidemia vem evoluindo. “Nem todos os casos suspeitos serão testados, afinal muitos deles têm quadros clínicos muito brandos. A política de testagem tem por parâmetro, no momento, testar pacientes com quadros mais graves. O importante ao ver o número dos casos notificados é perceber esse quantitativo como marcador do tamanho da epidemia, em termos epidemiológicos”. O secretário Carlos Eduardo Amaral adicionou, ainda, que não há, no momento, intenção de que se faça testes de forma ampliada. “São critérios que estão estabelecidos e não pensamos em alterações para o momento”.
Dario Ramalho Brock ainda retornou ao tema da testagem, ressaltando que a Saúde Estadual tem trabalhado para acelerar o volume de testes realizados, de forma a diminuir eventuais atrasos em relação às amostras colhidas no interior. “No interior do estado nós temos algumas questões de logística, que podem levar a um pouco mais de tempo para termos os resultados, mas com a ampliação da rede de laboratórios, conseguiremos dar boa resposta”. O subsecretário ainda finalizou lembrando o fato de que a fila de espera pela realização foi zerada pela Funed, ressaltando as amostras que derem entrada na instituição terão os resultados liberados em até três dias.
Por Ramon Santos / Agência Minas
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