Famílias de pacientes com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol, substância tóxica encontrada em cervejas da Backer, reclamam da falta de auxílio da empresa. Uma das pessoas que apresentaram os sintomas é o dentista de São Lourenço-MG Ney Eduardo, que está em tratamento na capital.
“Dia 3 à noite, eu comecei a passar mal. No dia 4, eu estava péssimo e, daí por diante, só fui piorando, piorando. Veio a paralisia facial, sensação de rosto congelado. Depois dificuldade de paladar, visão turva, um pouco de surdez”, relatou o dentista à TV Globo nesta terça-feira (18/02).
São mais de 40 dias de investigação, mais de 41 lotes de cerveja contaminados por dietilenoglicol e pelo menos 33 casos suspeitos de intoxicação, com 6 possíveis mortes relacionadas ao consumo da cerveja até agora.
Ney e a família estão aliviados porque ele consegue falar e andar, ainda que com dificuldade. Mas já são mais de dois meses de tratamento, cinco deles na UTI. Ele consumiu a cerveja da Backer no ano passado.
“Eu acho que não tenho mais medo da morte. Eu sei mais ou menos o que é morrer porque isso que aconteceu... eu tive uma convulsão nos braços dela. Você cheio de fios, monitores, cateter, oxigênio... eu não respirava, pulmão cheio de líquido”, relembrou Ney Eduardo.
Cerveja Belohorizontina / Foto: Danilo Girundi - TV Globo |
“A minha rotina hoje é sentado naquele sofá. Isso que virou a minha vida. Eu quero voltar logo a trabalhar. São 36 anos de odontologia e eu nunca tirei férias”, lamentou.
O dentista reafirmou que está custeando todo o tratamento, pois só a diálise é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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O que diz a Backer
Em nota, a Backer informou que a diretora da empresa esteve pessoalmente na casa do paciente, no dia 21 de janeiro, quando se dispôs a ajudar no tratamento da hemodiálise e em outras necessidades.
A assessoria da cervejaria disse que, dois dias depois, a empresa recebeu uma mensagem do advogado da família, que estaria se negando a aceitar a oferta por implicar na redução de uma eventual indenização.
Segundo a Backer, Ney integra o grupo de 12 consumidores que estão em contato com a empresa por meio do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Ela afirmou ainda que nenhuma decisão judicial define as responsabilidades sobre os fatos ocorridos, já que as investigações estão em curso.
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