Temos uma má notícia para você: a internet mundial pode sofrer uma falha mundial ainda neste mês, como já ocorreu em outros anos. Mas aqui vai a boa notícia: a possibilidade de problemas é considerada mais remota agora e pode ser a última vez que a web tenha um problema do tipo. Não entendeu nada? Estamos falando do que é chamado por especialistas de "768k Day", um dia conhecido por pessoas da área e temido pelos problemas que pode gerar em conexões. Na prática, esse é o dia em que roteadores (o de empresas de transmissão de dados, não o da sua casa) mais antigos têm seu limite de tráfego de rotas ultrapassado e ficam malucos.

Continua depois da Publicidade

Esse problema pode gerar lentidão, dificuldades para se conectar e até um "mini apagão" na internet de usuários em toda a rede ou só em alguns sites. Há uma dúvida se usuários vão sentir a falha ou não como em anos anteriores, já que muitas empresas trocaram equipamentos. Para entender as razões disso acontecer, é preciso manjar um pouquinho do funcionamento técnico da internet. Por trás das nossas conexões diárias com sites do mundo todo em que vários provedores e servidores se comunicam, existe um "mapa" que guia essa troca de dados chamado "tabela de rotas". É essa tabela que pode atingir um limite e ocasionar problemas, como ocorreu em agosto de 2014.

O " 768K Day" não tem um dia específico para acontecer, mas sabe-se que o número deverá ser ultrapassado nos próximos dias. Cada operadora vê um número de rotas diferente dentro da sua tabela, o que faz com que cada uma atinja o limite em um momento diferente.

Quem pode ser afetado 

A falha deve afetar principalmente equipamentos antigos e, segundo Moreiras, coloca em risco principalmente provedores menores que não tenham atualizado o seu sistema. De acordo com o professor Rodrigo Filev, do departamento de ciência da computação da FEI, isso tem a ver com a memória disponibilizada em cada equipamento. "Todo equipamento de rede e roteadores têm uma tabela de roteamento. Essas tabelas têm limites. Equipamentos mais antigos têm menos memória, menos capacidade. Uma vez que ultrapassa esse limite do equipamento, tem equipamentos que param de funcionar. Os mais antigos têm mais chances de serem suscetíveis a essa ocorrência", aponta Filev.


A falha poderia resultar em problemas como ocorreu há cerca de uma década em São Paulo, quando parte do Estado ficou sem rede e com problemas na telefonia por causa de uma falha no roteamento. Já João Carlos Lopes Fernandes, professor do curso de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, lembra que em 2014 o problema afetou o Poupatempo e não descarta novos transtornos desta vez. "Os roteadores estouram a tabela e ficam malucos, não sabem para onde direcionar o tráfego. Tem muito equipamento que não foi atualizado, os grandes fabricantes atualizaram uma parte, mas não dá para garantir. Podem parar serviços essenciais. Pode dar prejuízos em sites de ecommerce, os sistemas de logística que dependem da localização pela internet. Isso pode gerar prejuízo mais para empresas do que para pessoas", opina. A possibilidade de problemas desta vez, contudo, é considerada remota pelo gerente do Nic.br, o que pode acalmar quem está preocupado com a situação. Mas não está descartado pequenas falhas locais.

Moreiras cita como exemplo de problema, por exemplo, um roteador de uma empresa menor que usa equipamentos antigos. Assim que o limite da tabela for atingido e as configurações do roteador antigo usado ficarem ultrapassadas, os usuários podem ficar sem acesso à internet ou com lentidão extrema.

Quem poderá nos defender? 


Quem acompanha isso de perto são as operadoras, empresas e provedores para que os problemas sejam amenizados antes da fatídica data. Ao usuário não resta nada a não ser esperar que seu provedor ou o responsável pelo site que você acessa tenha tomado as medidas cabíveis para evitar a falha - o equipamento do usuário não tem nada a ver com o problema. "A gente não pode fazer nada, essa área é da engenharia de trafego. Estamos na ponta da internet. São ajustes que sequer ficam próximos de nós", diz Filev. "Não tem nada a ver com roteador doméstico. Na sua casa não precisa mexer em nada. Quem mexe nisso ai é da estrutura maior, as empresas e operadoras têm que se preparar", afirma João Carlos.

É a última vez? 

Ao menos podemos ficar felizes: essa deve ser a última vez que tenhamos que ficar preocupados com o problema. O fantasma do dia em que o limite de rotas é atingido fica a cada ano, com novas tecnologias, mais distante. "Os roteadores hoje têm uma memória muito maior do que o tamanho dessa tabela. Eu diria que não tem mais um limite. Uma outra coisa é que está sendo feita uma transição para outro protocolo de internet que tem uma tabela mais separada e controlada, não precisa de tantos caminhos", conta Moreiras. Isso significa que nossa internet vai funcionar lindamente pelo resto dos tempos? Não, claro. Existem ainda outras questões que grupos como o Nic.br tentam melhorar na rede.


INTERNET PODE SOFRER FALHA MUNDIAL ESTE MÊS. ENTENDA AS CAUSAS E RISCOS


Temos uma má notícia para você: a internet mundial pode sofrer uma falha mundial ainda neste mês, como já ocorreu em outros anos. Mas aqui vai a boa notícia: a possibilidade de problemas é considerada mais remota agora e pode ser a última vez que a web tenha um problema do tipo. Não entendeu nada? Estamos falando do que é chamado por especialistas de "768k Day", um dia conhecido por pessoas da área e temido pelos problemas que pode gerar em conexões. Na prática, esse é o dia em que roteadores (o de empresas de transmissão de dados, não o da sua casa) mais antigos têm seu limite de tráfego de rotas ultrapassado e ficam malucos.

Continua depois da Publicidade

Esse problema pode gerar lentidão, dificuldades para se conectar e até um "mini apagão" na internet de usuários em toda a rede ou só em alguns sites. Há uma dúvida se usuários vão sentir a falha ou não como em anos anteriores, já que muitas empresas trocaram equipamentos. Para entender as razões disso acontecer, é preciso manjar um pouquinho do funcionamento técnico da internet. Por trás das nossas conexões diárias com sites do mundo todo em que vários provedores e servidores se comunicam, existe um "mapa" que guia essa troca de dados chamado "tabela de rotas". É essa tabela que pode atingir um limite e ocasionar problemas, como ocorreu em agosto de 2014.

O " 768K Day" não tem um dia específico para acontecer, mas sabe-se que o número deverá ser ultrapassado nos próximos dias. Cada operadora vê um número de rotas diferente dentro da sua tabela, o que faz com que cada uma atinja o limite em um momento diferente.

Quem pode ser afetado 

A falha deve afetar principalmente equipamentos antigos e, segundo Moreiras, coloca em risco principalmente provedores menores que não tenham atualizado o seu sistema. De acordo com o professor Rodrigo Filev, do departamento de ciência da computação da FEI, isso tem a ver com a memória disponibilizada em cada equipamento. "Todo equipamento de rede e roteadores têm uma tabela de roteamento. Essas tabelas têm limites. Equipamentos mais antigos têm menos memória, menos capacidade. Uma vez que ultrapassa esse limite do equipamento, tem equipamentos que param de funcionar. Os mais antigos têm mais chances de serem suscetíveis a essa ocorrência", aponta Filev.


A falha poderia resultar em problemas como ocorreu há cerca de uma década em São Paulo, quando parte do Estado ficou sem rede e com problemas na telefonia por causa de uma falha no roteamento. Já João Carlos Lopes Fernandes, professor do curso de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, lembra que em 2014 o problema afetou o Poupatempo e não descarta novos transtornos desta vez. "Os roteadores estouram a tabela e ficam malucos, não sabem para onde direcionar o tráfego. Tem muito equipamento que não foi atualizado, os grandes fabricantes atualizaram uma parte, mas não dá para garantir. Podem parar serviços essenciais. Pode dar prejuízos em sites de ecommerce, os sistemas de logística que dependem da localização pela internet. Isso pode gerar prejuízo mais para empresas do que para pessoas", opina. A possibilidade de problemas desta vez, contudo, é considerada remota pelo gerente do Nic.br, o que pode acalmar quem está preocupado com a situação. Mas não está descartado pequenas falhas locais.

Moreiras cita como exemplo de problema, por exemplo, um roteador de uma empresa menor que usa equipamentos antigos. Assim que o limite da tabela for atingido e as configurações do roteador antigo usado ficarem ultrapassadas, os usuários podem ficar sem acesso à internet ou com lentidão extrema.

Quem poderá nos defender? 


Quem acompanha isso de perto são as operadoras, empresas e provedores para que os problemas sejam amenizados antes da fatídica data. Ao usuário não resta nada a não ser esperar que seu provedor ou o responsável pelo site que você acessa tenha tomado as medidas cabíveis para evitar a falha - o equipamento do usuário não tem nada a ver com o problema. "A gente não pode fazer nada, essa área é da engenharia de trafego. Estamos na ponta da internet. São ajustes que sequer ficam próximos de nós", diz Filev. "Não tem nada a ver com roteador doméstico. Na sua casa não precisa mexer em nada. Quem mexe nisso ai é da estrutura maior, as empresas e operadoras têm que se preparar", afirma João Carlos.

É a última vez? 

Ao menos podemos ficar felizes: essa deve ser a última vez que tenhamos que ficar preocupados com o problema. O fantasma do dia em que o limite de rotas é atingido fica a cada ano, com novas tecnologias, mais distante. "Os roteadores hoje têm uma memória muito maior do que o tamanho dessa tabela. Eu diria que não tem mais um limite. Uma outra coisa é que está sendo feita uma transição para outro protocolo de internet que tem uma tabela mais separada e controlada, não precisa de tantos caminhos", conta Moreiras. Isso significa que nossa internet vai funcionar lindamente pelo resto dos tempos? Não, claro. Existem ainda outras questões que grupos como o Nic.br tentam melhorar na rede.