Dia após dia, a sonda russa Phobos-Grunt continua perdendo altitude e de acordo com os últimos cálculos deve reentrar na atmosfera terrestre nos últimos minutos do próximo domingo, dia 15. O objeto está desgovernado e o atrito com a atmosfera deve produzir uma gigantesca bola de fogo de 13500 quilos. 

Ainda não é possível saber com exatidão onde e quando a Phobos-Grunt deverá cair, mas cálculos de reentrada feitos pelo Apolo11-Satview mostram que a nave deve atingir o ponto de ruptura às 23h43 do próximo domingo, dia 15, quando a nave estiver em rota ascendente sobre o Pacífico Oriental, rumo à costa oeste dos EUA.

Como todo cálculo de reentrada, valores mais precisos só podem ser obtidos com poucas horas de antecedência e até lá as previsões de hora e local devem mudar diversas vezes. O motivo principal da incerteza é a variação da densidade do ar nas altas camadas da atmosfera provocadas principalmente pela atividade solar e temperatura local e também da resistência térmica dos materiais e junções envolvidos na construção da nave.



O experiente observador de satélites Ted Molczan, ligado ao grupo independente Satobs estima que a Phobos deverá reentrar na atmosfera às 04h00 de domingo, quando estiver em orbita descendente sobre Porto Elisabeth, no extremo sul da África. Segundo o especialista, o erro neste cálculo é de 1.5 dias (36 horas). As divergências confirmam que ainda é muito cedo para prever com exatidão o local de queda do satélite russo.

Com receio de ficarem desacreditadas, as agências espaciais mais importantes nem sequer divulgam suas estimativas. Isso faz do Apolo11-Satview um dos poucos centros de informação científica em todo o mundo que se arriscam a divulgar publicamente as previsões de queda de lixo espacial. Durante a reentrada do satélite norte-americano UARS, em setembro de 2011, o erro de modelagem foi de apenas 5 horas.

Onde vai cair?

Mesmo não se conhecendo com exatidão o local de reentrada, é possível afirmar que a Phobos poderá cair em qualquer área do planeta compreendida entre as latitudes 51.4 N e 51.4 S. Isso deixa em estado de atenção as áreas mais populosas da Terra, mas exclui o norte do Canadá, Alasca, Escandinávia, norte da Rússia e Groenlândia, além do extremo sul da América do Sul e Antártida. 

A Phobos pesa 13500 quilos, a maior parte deles composta do combustível altamente tóxico. Ao reentrar na atmosfera, quase todo o material será consumido em uma gigantesca bola de fogo, mas 200 quilos de peças mais resistentes deverão sobreviver e atingir a superfície, provavelmente nas áreas oceânicas. 

Histórico

A Phobos-Grunt foi lançada no dia 8 de novembro de 2011 da base de lançamentos de Baikonur, na Rússia. O objetivo da nave era pousar na lua marciana Phobos, coletar material e retornar à Terra alguns meses depois, mas uma falha ainda desconhecida impediu que os foguetes propulsores fossem acionados sobre o Brasil, impedindo que a Phobos deixasse a orbita da Terra.

Para piorar as coisas, a Phobos não respondia aos sinais enviados pelo centro de controle da missão, próximo à Moscou, o que levantou a possibilidade da nave estar com a antena de comunicação bloqueada ou inoperante. Na tentativa de entender o que tinha acontecido, os engenheiros russos pediram ajuda aos observadores independentes para que fornecessem dados visuais que pudessem colaborar na determinação da posição da nave dentro da orbita.

Diversos avistamentos mostraram que a sonda apresentava variações de brilho durante as passagens, uma evidência de que estava "girando" e não conseguia se manter fixa dentro da orbita. Isso justificaria as tentativas mal sucedidas de contato, uma vez que a antena não se mantinha apontada fixamente em uma única direção.

Utilizando elementos orbitais divulgados pelos EUA, observadores independentes notaram mudanças no shape da órbita e especularam a possibilidade de vazamento de combustível, que estaria impulsionando a sonda e mudando sua altitude. Outra hipótese seria a de que os sistemas de bordo estivessem atuando automaticamente na tentativa de corrigir a altitude e padrão orbital. Essas hipóteses nunca foram comprovadas ou descartadas pelos russos, que não forneceram qualquer dado técnico que pudesse ajudar a entender o ocorrido.

No dia 22 de novembro, a agência espacial europeia, ESA, conseguiu enviar sinais de telecomando à Phobos-Grunt, que respondeu acionando o transmissor de bordo e enviando um pacote de dados telemétricos. Como a sonda estava em órbita muito baixa, a cerca de 240 km de altitude, não houve tempo suficiente para coletar grande quantidade de informações, já que o tempo de passagem sobre a estação receptora era de menos de 7 minutos.

Nas passagens seguintes, quando eram esperados novos blocos de dados nenhum sinal foi recebido.

No dia 1 de dezembro, o centro de controle da ESA, localizado em Darmstadt, Alemanha, anunciou novas tentativas de contato a partir da estação de Maspalomas, nas Ilhas Canárias. Foram enviados comandos à nave durante as passagens das 12h47 UTC e 14h35 UTC com o objetivo de acionar o transmissor de bordo, mas o resultado foi novamente o silêncio, que se perpetua até hoje.

Rastreando a Phobos

Apesar da Phobos estar sem comunicação com a Terra, elementos orbitais publicados diariamente pelo Comando de Defesa Estratégica dos EUA, USSTRATCOM, permitem conhecer com bastante precisão a posição da sonda no espaço, permitindo aos observadores independentes um rastreio bastante confiável da sonda.

Atualmente (10 de janeiro), a Phobos está circulando a Terra a uma altitude de perigeu de apenas 165 km, com apogeu de 204 km. Estima-se que nas próximas 24 horas o apogeu também caia abaixo de 200 km. O período orbital é de 88.2 minutos, fazendo a sonda completar 16.3 orbitas a cada dia. A velocidade é de 27.900 km/h.

Para rastrear a Phobos-Grunt e saber como observar a nave russa, acesse o SatView. Clique aqui
Para saber tudo sobre a missão Phobos-Grunt, clique aqui

Mídia: No topo, gráfico mostra a zona de reentrada da Phobos-Grunt, colocando os maiores centros populacionais na mira do lixo espacial. Acima, vídeo registrado pelo internauta Jamil Vila Nova mostra a sonda russa cruzando o céu do Guarujá, litoral de São Paulo, em 3 de janeiro de 2012. Créditos: Apolo11.com, Jamil Vila Nova.

SATÉLITE RUSSO DESGOVERNADO DEVE CAIR NA TERRA NOS PRÓXIMOS DIAS

Dia após dia, a sonda russa Phobos-Grunt continua perdendo altitude e de acordo com os últimos cálculos deve reentrar na atmosfera terrestre nos últimos minutos do próximo domingo, dia 15. O objeto está desgovernado e o atrito com a atmosfera deve produzir uma gigantesca bola de fogo de 13500 quilos. 

Ainda não é possível saber com exatidão onde e quando a Phobos-Grunt deverá cair, mas cálculos de reentrada feitos pelo Apolo11-Satview mostram que a nave deve atingir o ponto de ruptura às 23h43 do próximo domingo, dia 15, quando a nave estiver em rota ascendente sobre o Pacífico Oriental, rumo à costa oeste dos EUA.

Como todo cálculo de reentrada, valores mais precisos só podem ser obtidos com poucas horas de antecedência e até lá as previsões de hora e local devem mudar diversas vezes. O motivo principal da incerteza é a variação da densidade do ar nas altas camadas da atmosfera provocadas principalmente pela atividade solar e temperatura local e também da resistência térmica dos materiais e junções envolvidos na construção da nave.



O experiente observador de satélites Ted Molczan, ligado ao grupo independente Satobs estima que a Phobos deverá reentrar na atmosfera às 04h00 de domingo, quando estiver em orbita descendente sobre Porto Elisabeth, no extremo sul da África. Segundo o especialista, o erro neste cálculo é de 1.5 dias (36 horas). As divergências confirmam que ainda é muito cedo para prever com exatidão o local de queda do satélite russo.

Com receio de ficarem desacreditadas, as agências espaciais mais importantes nem sequer divulgam suas estimativas. Isso faz do Apolo11-Satview um dos poucos centros de informação científica em todo o mundo que se arriscam a divulgar publicamente as previsões de queda de lixo espacial. Durante a reentrada do satélite norte-americano UARS, em setembro de 2011, o erro de modelagem foi de apenas 5 horas.

Onde vai cair?

Mesmo não se conhecendo com exatidão o local de reentrada, é possível afirmar que a Phobos poderá cair em qualquer área do planeta compreendida entre as latitudes 51.4 N e 51.4 S. Isso deixa em estado de atenção as áreas mais populosas da Terra, mas exclui o norte do Canadá, Alasca, Escandinávia, norte da Rússia e Groenlândia, além do extremo sul da América do Sul e Antártida. 

A Phobos pesa 13500 quilos, a maior parte deles composta do combustível altamente tóxico. Ao reentrar na atmosfera, quase todo o material será consumido em uma gigantesca bola de fogo, mas 200 quilos de peças mais resistentes deverão sobreviver e atingir a superfície, provavelmente nas áreas oceânicas. 

Histórico

A Phobos-Grunt foi lançada no dia 8 de novembro de 2011 da base de lançamentos de Baikonur, na Rússia. O objetivo da nave era pousar na lua marciana Phobos, coletar material e retornar à Terra alguns meses depois, mas uma falha ainda desconhecida impediu que os foguetes propulsores fossem acionados sobre o Brasil, impedindo que a Phobos deixasse a orbita da Terra.

Para piorar as coisas, a Phobos não respondia aos sinais enviados pelo centro de controle da missão, próximo à Moscou, o que levantou a possibilidade da nave estar com a antena de comunicação bloqueada ou inoperante. Na tentativa de entender o que tinha acontecido, os engenheiros russos pediram ajuda aos observadores independentes para que fornecessem dados visuais que pudessem colaborar na determinação da posição da nave dentro da orbita.

Diversos avistamentos mostraram que a sonda apresentava variações de brilho durante as passagens, uma evidência de que estava "girando" e não conseguia se manter fixa dentro da orbita. Isso justificaria as tentativas mal sucedidas de contato, uma vez que a antena não se mantinha apontada fixamente em uma única direção.

Utilizando elementos orbitais divulgados pelos EUA, observadores independentes notaram mudanças no shape da órbita e especularam a possibilidade de vazamento de combustível, que estaria impulsionando a sonda e mudando sua altitude. Outra hipótese seria a de que os sistemas de bordo estivessem atuando automaticamente na tentativa de corrigir a altitude e padrão orbital. Essas hipóteses nunca foram comprovadas ou descartadas pelos russos, que não forneceram qualquer dado técnico que pudesse ajudar a entender o ocorrido.

No dia 22 de novembro, a agência espacial europeia, ESA, conseguiu enviar sinais de telecomando à Phobos-Grunt, que respondeu acionando o transmissor de bordo e enviando um pacote de dados telemétricos. Como a sonda estava em órbita muito baixa, a cerca de 240 km de altitude, não houve tempo suficiente para coletar grande quantidade de informações, já que o tempo de passagem sobre a estação receptora era de menos de 7 minutos.

Nas passagens seguintes, quando eram esperados novos blocos de dados nenhum sinal foi recebido.

No dia 1 de dezembro, o centro de controle da ESA, localizado em Darmstadt, Alemanha, anunciou novas tentativas de contato a partir da estação de Maspalomas, nas Ilhas Canárias. Foram enviados comandos à nave durante as passagens das 12h47 UTC e 14h35 UTC com o objetivo de acionar o transmissor de bordo, mas o resultado foi novamente o silêncio, que se perpetua até hoje.

Rastreando a Phobos

Apesar da Phobos estar sem comunicação com a Terra, elementos orbitais publicados diariamente pelo Comando de Defesa Estratégica dos EUA, USSTRATCOM, permitem conhecer com bastante precisão a posição da sonda no espaço, permitindo aos observadores independentes um rastreio bastante confiável da sonda.

Atualmente (10 de janeiro), a Phobos está circulando a Terra a uma altitude de perigeu de apenas 165 km, com apogeu de 204 km. Estima-se que nas próximas 24 horas o apogeu também caia abaixo de 200 km. O período orbital é de 88.2 minutos, fazendo a sonda completar 16.3 orbitas a cada dia. A velocidade é de 27.900 km/h.

Para rastrear a Phobos-Grunt e saber como observar a nave russa, acesse o SatView. Clique aqui
Para saber tudo sobre a missão Phobos-Grunt, clique aqui

Mídia: No topo, gráfico mostra a zona de reentrada da Phobos-Grunt, colocando os maiores centros populacionais na mira do lixo espacial. Acima, vídeo registrado pelo internauta Jamil Vila Nova mostra a sonda russa cruzando o céu do Guarujá, litoral de São Paulo, em 3 de janeiro de 2012. Créditos: Apolo11.com, Jamil Vila Nova.